Thursday 21 January 2010

O QUE O PROFESSOR BARUK, PSIQUIATRA, PENSA DO SR. CHARBONNEL

O nome do Professor Henri Baruk (Membro da Academia Nacional de Medicina) é grande no mundo do psiquiatria.
O famoso autor de "Tratado de Psiquiatria" ( 2 vol. Masson, 1959 ), de “Précis de Psiquiatria"( Masson, 1950 )," de “A Psiquiatria francesa de Pinel aos nossos dias”, etc. pronunciou-se sem apelo sobre o Sr. Charbonnel." Eis por conseguinte o que escreveu o Professor Henri Baruk sobre o Sr. Charbonnel.
Tive a ocasião de examinar três vezes o Sr. CHARBONNEL Yannick que pediu-me que o examinasse devido ao facto de ficar surpreendido num caso judicial de natureza religiosa de ter sido suspeitado de perturbações mentais.
Os três exames que fiz foram totalmente negativos. O Sr. CHARBONNEL tem um notável contacto com a realidade, uma facilidade e respostas fáceis e precisas, conhecimentos vastos, funções intelectuais excelentes, uma apreciação das realidades, os sentimentos afectivos não somente conservados mas bem desenvolvidos, um comportamento perfeitamente adaptado.
Não se encontra nele nenhuma perturbação da corrente do pensamento, nenhum fenómeno névropatico obsessivo, nenhuma perturbação psicosensorial.
Completei os meus exames por diversos testes, nomeadamente o teste de Wechsler Bellevue, onde obtém o máximo dos pontos em todas as provas; o teste de Rorscbach e o teste de Tsedek, que atesta um excelente julgamento moral e um carácter bem adaptado.
O exame neurológico é negativo. A tensão arterial normal. Nenhum passado patológico à parte uma coqueluche com pleurisia na infância. O seu estado geral é actualmente excelente.
Falando com ele, informa-me que teria sido incriminado para a sua adesão numa associação religiosa que visa restabelecer a tradição da Igreja. Tem, parece, fortes e sinceras convicções religiosas. A associação em questão é implicada, parece, na luta actual entre as tendências tradicionais e as tendências progressistas na Igreja.

Estes problemas não me dizem respeito de modo algum como psiquiatra. Porque não é questão de pôr rótulos psiquiátricos para questões de opiniões. Pode ser questão apenas estabelecer diagnósticos precisos.
Ora aqui nenhuma síndroma psiquiátrica convém ao Sr. Charbonnel. Não é questão um momento de evocar o mais mínimo processo esquizofrénico tendo em conta a sua perfeita coerência, a sua notável concentração e adaptação à realidade, e os seus sentimentos afectivos. Também não nos encontramos na presença de um paranóico, porque não se encontra em nada a rigidez mental, o orgulho, a desconfiança e as tendências interpretativas de esta síndroma. Certamente, tem fortes convicções e não poderia discutir um estado passional no sentido atribuído por Clérambault, mas as suas convicções não são imaginativas nem delirantes, inscrevem-se num todo e na sua formação Católica. Não se trata em nenhum caso aqui destes delírios místicos tão bem estudados outrora por Brierre de Boismont. Por último, o Sr. Charbonnel tem bom ”tonus” moral e não apresenta nenhuma depressão nem física nem moral.
Ele me disse que você o tinha visto e que se ocupava dele. É por isso que pensei não poder fazer melhor que vos escrever esta carta pensando que no plano religioso você é melhor colocado para resolver este problema. * 1

Queira crer aos meus melhores sentimentos.
H. Baruk

* 1 Professor Baruk, com efeito, não é católico mas judaico.

N.B. 1000 fotocópias do manuscrito original foram enviadas aos nossos correspondentes.